Foi em 2009 que um usuário de internet com o pseudônimo Satoshi Nakamoto criou a Bitcoin. Essa foi a primeira criptomoeda, ou seja, a primeira moeda digital descentralizada, que usa as tecnologias blockchain e criptografia tanto para dar segurança às transações quanto para possibilitar a criação de novas unidades de moeda.
De 2009 para cá, as criptomoedas ganharam visibilidade, defensores e investidores. Em um mundo cuja realidade é cada vez mais virtual e onde o metaverso é um futuro já presente, o fortalecimento de meios financeiros de troca 100% digitais é previsível – e irreversível.
Mas muita gente ainda considera a criptomoeda um terreno pantanoso, de difícil compreensão e acesso. Para entender mais sobre esse universo das cibermoedas, batemos um papo com o Coordenador no Inova CCMN e Chief Research Officer no LabEdge Núcleo de Computação Eletrônica Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE) da UFRJ, Luiz Felipe Ribeiro.
PARQUE: O que é uma criptomoeda?
LUIZ: Uma criptomoeda é uma espécie de moeda digital que não depende de uma autoridade central para mantê-la. O nome se origina do fato que suas transações são altamente criptografadas (normalmente em um livro-razão digital como o Blockchain), tornando as trocas bem seguras. Muitas criptomoedas têm seu supply limitado, o Bitcoin por exemplo possui apenas pouco mais de 19 Milhões de Bitcoins em circulação de seu suprimento total de 21 Milhões a ser minerado até o ano de 2140, aproximadamente. A escassez leva a uma maior demanda, aumentando o seu valor.
P: O que é mineração?
L: Nas criptomoedas com a tecnologia Proof-of-Work, ou Prova de Trabalho, como no caso do Bitcoin, a mineração é o processo pelo qual novos Bitcoins são colocados em circulação e também a forma como a rede confirma novas transações, consolidando-as em um bloco.
Os computadores competem na resolução de um complexo problema de matemática computacional, normalmente utilizando para isto hardwares específicos: as ASICs – Circuitos Integrados de Aplicação Específica (no caso do Bitcoin) e GPUs – Unidades de Processamento Gráfico (no caso do Ethereum antes do ETH 2.0). O primeiro computador (ou pool de computadores) que consiga encontrar a solução do problema recebe o direito de criar o novo bloco e recebe criptomoedas por isto.
A quantidade de criptomoedas varia com o tempo, no caso do Bitcoin, em aproximadamente 4 em 4 anos a recompensa é diminuída pela metade. Em 2009 o Bitcoin recompensava os mineradores com 50 Bitcoins, hoje o prêmio são apenas 6,25, em 2024, a metade disso.
P: Quais criptomoedas são mais famosas?
L: O Bitcoin sem dúvida é uma das criptomoedas mais famosas, mas temos também o Ethereum, BNB, Ripple, Cardano, Solana e as memecoins Dogecoin e Shiba Inu
P: Qual a tendência das criptomoedas?
L: No momento, o mercado de criptomoedas está atravessando um Bear Market, com muito pessimismo.
No entanto, vejo alguns pontos positivos:
Projetos ruins e centralizados vão sendo expurgados e com isso temos um freio na especulação quase maníaca dos investidores de varejo, cegos pelo “Fear of Missing Out”. Um grande exemplo foi o colapso da criptomoeda LUNA.
E com isso os bons projetos, principalmente aqueles com utilidade real, passam a ganhar força.
P: As criptomoedas substituirão o dinheiro?
L: Eu diria que as criptomoedas podem e são capazes de substituir o dinheiro sim, no entanto, no estágio atual, não são trocadas como moedas de fato, mas como ativos digitais, e, portanto, propensas à especulação.
Arriscando prever o futuro, eu diria que a tendência é que o dinheiro seja transformado em criptomoeda, não o contrário. E acredito que as criptomoedas terão outro papel, talvez o de criar uma economia da nova evolução da internet, a Web3 e do Metaverso.
P: Vale a pena investir em criptomoedas?
L: Criptomoedas são ativos de altíssimo risco e eu não recomendaria investir cegamente.
Não invista em criptomoedas desconhecidas e desconfie de influencers falando de forma muito entusiasmada sobre determinado ativo com promessas de ganhos de 10x ou mais.
Em geral, estude muito! Leia os whitepapers de cada projeto, a começar pelo paper original do Bitcoin. Atenção para as narrativas e tendências (pergunte-se: tal tendência chegou pra ficar ou é passageiro?), evite o FOMO, ou seja, compre quando ninguém estiver comprando, aposte em projetos mais sólidos e com tempo de estrada, longo prazo sempre e mais importante que tudo: nunca invista o que você não possa perder.
Tags:criptomoeda, criptomoedas, economia, metaverso, moeda digital, tecnologia